O Vale do Silício é nossa bola de cristal

Transcrição do vídeo O Vale do Silício é nossa bola de cristal — Learning in Public 2

Vamos lá. Vídeo 2 da série Learn in Public.

Hoje eu quero falar um pouco sobre o Vale do Silício, que é um lugar que eu acho que todo mundo deveria ir pelo menos 1 vez na vida. É assim: fora de série!

Eu tive a oportunidade de ir com a StartSe em 2018 e realmente eu saí de lá com outra visão pra vida. A StartSe, inclusive, está promovendo esse festival — a gente chama de festival —, mas é um pacote de eventos. São 8 dias. Em cada dia é uma temática. É um assunto específico, trazendo as pessoas com esse conhecimento do Vale do Silício pra cá sobre esses assuntos, principalmente os assuntos que a gente precisa saber agora.

Esse festival se chama SVWC, que é o Silicon Valley Web Conference. Se você quiser saber mais, eu recomendo que você veja. Está rolando aí, está no meio desse pacote de eventos. É startse.com/svwc. Se você entrar lá, você consegue ver tudo isso aí e se inscrever. São eventos gratuitos, sempre das 17h às 21h. Ainda vai ocorrer durante essa semana até quinta-feira.

Mas, como eu havia dizendo, Silicon Valley, Vale do Silício, lugar que todo mundo deveria ir... Por que? Porque eu acho que lá serve como uma bola de cristal pra gente aqui no Brasil. As inovações, a parte tecnológica, muita coisa que vem acontecendo lá, vai chegar aqui. Então, acho que... eu ouço algumas pessoas falando assim:

Pô, mas o que eu vou fazer no Vale se eu não posso aplicar nada no Brasil?

Eu acho que o Brasil é uma abstração. Como a gente tem muito problema pra resolver, eu acho que muita coisa de lá a gente pode aplicar aqui, principalmente nas empresas e principalmente com quem está empreendendo, e, mais ainda, com pessoas que querem criar startups que têm esse modelo de testar coisas rapidamente. A gente tem que ir pro Vale pra aprender essas coisas lá.

Eu posso contar um pouco da minha história, de como eu fui ao Vale do Silício, e é algo que me marcou muito. Primeiro eu fui fazer o Learning Experience da StartSe, que é esse programa que ela leva 100 pessoas do Brasil pra ir pra lá e, durante essa semana, que são 5 dias, as pessoas se formam em grupos e aprendem coisas sobre como criar startups. Depois, no final dessa semana, as pessoas criam um projeto real. E no final tem uma bancada e as pessoas têm que apresentar isso pra aquele pessoal especialista. Com certeza é um jeito muito eficiente de aprender.

Primeiro que você está imerso no ambiente. Eu acho que o ambiente importa muito. Eu sinto isso em São Paulo, por exemplo. Quando eu vou ao interior, você sente que você "baixa um pouco a bola", você está lá pra descansar, você está lá pra rever as pessoas que você gosta, mas aqui em São Paulo a energia é outra; é "paulera", é trabalho, é estudo. Claro, tem a parte de diversão, pra você também fazer suas coisas pessoais, mas você sente que o ambiente favorece muito aquilo que você precisa fazer. No Vale não é diferente. Quando você vai pra lá, você sente isso, diariamente.

Interessante que o Vale do Silício é um lugar muito competitivo, mas ao mesmo tempo é muito colaborativo. Eu posso falar isso por mim, porque quando eu fui pro Vale em 2018, foi em abril, meu amigo Henrique Bastos postou um tweet falando assim:

Meu amigo Eder está chegando aí em San Francisco. Quem pode recebê-lo?

E um cara que se conectou com o Henrique uma vez na vida, num evento de Python lá nos EUA mesmo, respondeu ao tweet falando assim:

Me manda uma DM que a gente vai se encontrar aqui e eu te explico e te mostro como é aqui no Vale.

Eu mandei a DM (Direct Message, ou Mensagem Direta) pra ele. Ele falou que é de Concord, uma cidade vizinha de San Francisco (fica a uns 40 minutos dali). Eu cheguei no Vale dia 20 de abril de 2018, dia 22 eu encontrei com esse cara. Ele é um programador sênior de 20 anos de experiência, que atualmente trabalha na Udemy, mas ele já trabalhou no Twitter, no Google, em outras startups no Vale. E ele me mandou essa DM e falou assim:

Você vai pegar o metrô tal, vai sair na linha Embarcadero, você vai descer em tal linha e eu vou te pegar lá num Toyota dourado.

Eu fiz o que ele recomendou, fui ao metrô (lá chama Bart). Então, peguei esse Bart, saindo de Embarcadero em San Francisco, parei em Concord. Ele estava me esperando. Me pegou na porta. Me levou pra casa dele. Fui lá pra conhecer a família dele, os 8 filhos dele. Ele é um cara sensacional. E naquela época o meu inglês não era tão bom, como é hoje (porque eu pratico muito, todo dia), então em 2018 estava "mais ou menos"; conseguia desenrolar.

Então eu estava na casa dele, convivendo com um nativo americano (ele nasceu em Los Angeles, mas ele mora ao redor de San Francisco) e a gente conversou sobre tudo: família, política, religião e também sobre programação. Foi uma experiência sensacional de estar ali junto com uma pessoa que me conectou através de um tweet, através de um amigo, então essa ponte de uma pessoa pra outra a gente vê muito no Vale do Silício; é muito comum: você vê uma pessoa, está falando de outra e você marca um café com uma pessoa e dali sai um negócio.

Nesse caso a gente estava conversando sobre programação, naquela época eu sabia bem pouco [de programação], começo de carreira, e ele me explicou bastante coisa de JavaScript, como funcionava, o que eu deveria fazer pra estudar melhor. No final também ele me presenteou com um livro de JavaScript, um livro em inglês, mas foi bem interessante de estar imerso e de como foi tudo isso de ele me levar pra conhecer a família dele.

O que me marcou também: eu estava conversando com ele durante a janta. A esposa dele fez pra mim uma torta de Chigago, que é tipo uma pizza, com bordas grandes... a gente comeu isso e tomou vinho. E durante os papos eu falei a ele que eu participava de bastante evento aqui no Brasil e visitei várias empresas, mas eu queria muito conhecer o Twitter, que é uma das redes sociais que eu mais gosto. Ele sacou o celular e falou:

Tenho uma pessoa que pode te ajudar nisso.

Ele mandou uma DM pra um cara, aí minutos depois esse cara me mandou uma outra DM falando assim:

Sou o Simeon. Vem aqui almoçar comigo no Twitter amanhã.

E depois desse papo todo fiquei bem feliz. Ele... o JJ (nome desse amigo do Henrique, que me conectou e fui à casa dele).

Na hora de voltar pra San Francisco — eu estava [hospedado] na casa do Maurício Benvenutti e da Nath —, já estava de noite, ele (JJ) chamou o filho dele, que tinha 16 anos e me trouxe de carro até a porta de onde eu estava lá em San Frnacisco. Levou uma meia hora de carro. Eu fui de metrô e depois ele me trouxe, com o filho dele dirigindo. E assim foi uma experiência que eu jamaos vou esquecer, por estar imerso ali.

No outro dia, eu já estava na sede mundial do Twitter, em San Francisco, almoçando com esse cara que ele me conectou.

Então essa ponte é muito comum no Vale do Silício. Você tem competitividade, mas também tem muita colaboração. Acho que isso a gente pode aplicar aqui. Vejo muito isso nas comunidades de programação. Eu tenho o privilégio, como eu falei no vídeo anterior, de ser amigo de pessoas que são referências pra mim e muitas vezes quando eu precisei mexer com algum código ou estudar alguma coisa, a pessoa só liga pra mim e fala "vamos fazer uma call que eu te ajudo a resolver" ou "estuda isso aqui, isso aqui e isso aqui" ou a pessoa me dá um livro de presente... Então, acho que isso marca a gente pra vida e a gente aprende que é dando que se recebe; realmente não é clichê, é uma frase que faz muito sentido. Quando você ensina as pessoas, quando você ajuda as pessoas, elas vão lembrar de você isso te faz uma pessoa melhor, você fica melhor.

Então, recomendo muito que você se intere, pelo menos, do assunto Vale do Silício; que você se interesse; que você leia coisas. Vai te fazer muito bem, você vai aprender bastante coisa. Se possível, se você puder pagar isso, vá ao Vale porque vale muito a pena; te garanto!

E se você quiser saber mais também, a StartSe tem esses programas lá. Pode conectar comigo, pode conectar com qualquer pessoa da StartSe. A gente está pronto pra te ajudar, pra servir. Com certeza você vai ver que vai fazer muita diferença se você aplicar isso que eu estou falando.

Espero que você, então, tenha essa oportunidade de estar mais perto do Vale e te convido, de novo, a ficar mais perto da StartSe que a gente está fazendo bastante coisa foda aqui dentro que, com certeza, vai impactar muito a vida das pessoas aqui do Brasil como um todo; na verdade, não só do Brasil, mas globalmente; e espero que você esteja por perto.

Um abraço, até mais!

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