A Sorte Existe

Transcrição do vídeo A Sorte Existe — Learning in Public 1

Bom, esse é o vídeo número 1 de uma série de outros vídeos que eu quero gravar sobre o meu Learn in Public. E o que é isso? É uma maneira de você aprender ativamente em público, ou seja, gravando vídeo, escrevendo post, tweetando, colocando posts no Instagram, enfim, o que for; e com isso você consegue obter feedbacks das pessoas e aprender mais rápido, ou você vendo o que você fez, você lendo, relendo, acho que é essa é uma forma efetiva de você aprender.

E como eu já falei anteriormente aqui em alguns posts no Instagram, esse perfil é dedicado às pessoas desacreditadas, reduzidas, sem esperança, porque é assim que eu me sentia há uns 4, 5 anos. Achava que — ainda mais pela minha acomodação — a vida seria a mesma coisa sempre, mas não, pode muito mais, a gente pode muito mais (e eu sou a prova viva disso).

Acho que esse primeiro vídeo eu posso contar um pouco da minha história, porque eu estou morando aqui em São Paulo há 4 anos e meio, eu já participei de 63 eventos e meetups, e quase todo evento que eu vou, a galera pede pra eu contar a minha história na roda de conversa com a galera e acho que é interessante a maneira como foi. Acho que posso documentar isso também, desde quando cheguei aqui do zero e depois virando sócio de uma das maiores startups do Brasil. Mas vamos ver se consigo contar isso de uma maneira interessante e que você consiga aproveitar isso de alguma maneira.

Você já deve ter visto o titulo desse vídeo e acho que você vai entender depois no final de tudo. Pode ser que eu corte esse vídeo, alguns pedaços pra tirar esses "respiros", pra ficar menos maçante e com menos tempo, mas vamos lá: primeiro de tudo eu tenho que começar esse vídeo falando com o coração — não tem outro jeito de eu falar porque eu sou assim.

Então eu sou filho de um pedreiro e de uma faxineira/diarista/dona de casa, ou seja, sou de família simples.

Meu primeiro computador foi com 19 anos. Foi de um projeto chamado Projeto Micro Velho, da cidade que eu nasci, em Lorena, da Prefeitura, que é um projeto no qual eles dão computadores para as pessoas, eles doam os computadores para as pessoas e a pessoa tem que assinar um contrato falando que quando ela tiver condições de comprar outro ela devolve aquele; e assim vai repassando para as pessoas. Eu o ganhei de uma amigo que fez essa ponte com esse projeto (amigo da família, na verdade) e foi um computador com monitor de tubo (aqueles amarelos), com Pentium III, 256MB de memória RAM e 40GB de HD PATA. Se você entende de computador, você sabe que ele é bem antigo mesmo. Mas foi isso que eu tinha na época e beleza, me ajudou ali no começo.

Nessa época eu estava fazendo faculdade de Gestão de TI, não tinha nada a ver com programação especificamente e também nem sabia que queria trabalhar com programação. Nessa época também eu já tinha um Técnico em Informática e eu fui formado pela ETEC, que é uma escola técnica pública do Estado de São Paulo e a faculdade era a FATEC, que é a faculdade técnica (tecnólogo), também pública, do Estado de São Paulo (inclusive são muito boas instituições de ensino). E como eu falei, já tinha esse Técnico em Informática e já sabia alguns macetes de hardware, de instalar, de formatar computador. Então, já fazia esses trabalhos para as pessoas ao meu redor: pra amigos, colegas, e as pessoas iam indicando e ganhava "uns troquinhos" ali fazendo esse tipo de serviço.

Depois, nessa época eu já trabalhava como suporte numa multinacional chamada Basf, através de uma terceira fazendo todas essas coisas que eu já fazia, como eu falei anteriormente, de formatar computador, instalar software... e eu fazia também dentro dessa empresa.

Então, eu tinha aquele "dinheirinho" que eu juntava pra comprar minhas coisas. Família simples; então, tinham algumas coisas que eu queria fazer, como por exemplo: tirar a carteira de motorista. Só que é o seguinte: no final de 2014, uma amiga da faculdade, a Luciana, postou no Facebook que estava vendendo o MacBook Air, de 11 polegadas, usado, porque ela não queria mais estava o filho nascendo, e tinha outras prioridades. Eu falei:

Nossa, agora é a hora de comprar esse computador, porque é meu sonho de consumo.

E nessa época eu já tinha esse dinheiro juntado, peguei um pouco do que eu tinha; meu pai me ajudou também com dinheiro. Nessa época, as coisas já estavam melhores pra gente, de trabalho até (de "bicos" ou trabalhos propriamente ditos). E aí você imagina: comprei esse computador, saindo de um Pentium III para um MacBook Air, Core i5. E eu falei:

Nossa, o que é isso aqui?!

Eu fiquei louco e apaixonado pela Apple, já naquela época. E foi aí que começou minha história com programação. Eu falei:

Eu preciso programar pra Apple, eu preciso programar para isso aqui.

E fui pesquisar sobre o que a Apple usava, que eram as linguagens e tecnologias: Objective-C e Swift. Só que eu vi que a barreira de entrada não era tão fácil assim como outras áreas, como por exemplo a área de web. E foi aí que eu comecei a pesquisar sobre web. Achei que o front-end seria a melhor escolha porque eu gosto muito dessa parte visual também, apesar de querer e trabalhar para ser fullstack (estou fazendo isso), eu sempre gostei muito mais de front, porque você "coda" ali e consegue ver a coisa acontecendo. E já nessa época eu vi que dois dos meus melhores professores da faculdade estavam dando aula em Lorena numa pós-graduação de Projetos e Desenvolvimento de Aplicações Web. E foi aí que me inscrevi nessa pós-graduação e quis estudar mais sobre o assunto.

Eu era o pior aluno da sala, mas fui firme até o fim e consegui tirar o meu diploma de pós-graduação. Então, eu tenho essa pós-graduação nessa área de programação, mesmo, naquela época, sabendo muito pouco.

Naquela época eu tinha muitos problemas pessoais, de família também, e acho que acabou projudicando minha aprendizagem. Eu não gosto de dar desculpas; eu acho que a gente tem que ser 100% responsável pelas nossas escolhas, por aquilo que a gente faz. E naquela época acho que eu não sabia muito bem estudar e aplicar as coisas; eu estava muito preocupado em estudar a teoria e a prática depois, mas eu estava totalmente errado. Programação tem que ser mão na massa desde o começo. Aprendi isso na marra depois de muitos anos.

Depois disso, eu estava trabalhando numa agência de marketing pequena em Lorena e já fazia sites em Wordpress e artes em Photoshop e Illustrator. Ali que eu aprendi na marra também a fazer essas coisas sem curso, sem nada, só fuçando mesmo.

No final de 2016, eu estava pesquisando eventos pra vir aqui em São Paulo e eu caí no site da RubyConf. Foi a última edição que o Fábio Akita tomou conta; se não me engano foi a 10ª edição e que comprei o ingresso. Vim pra São Paulo e fiquei louco:

Nossa, aqui é meu lugar. Eu preciso vir pra cá. Do jeito que for, tenho que vir!

Larguei tudo e vim pra esse evento, porque, imagina, um caipira... nunca tinha saído de Lorena direito e vir pra São Paulo. Eu fiquei 2 dias aqui. Foi um mundo novo pra mim.

Depois disso, em 2017, aliás, no final de 2016 ainda, voltando desse evento, depois de uns dias, eu pedi demissão dessa agência de marketing. Eu já tinha uma graninha guardada pra "viver mais alguns meses".

Em 2017, de janeiro a abril, eu apliquei pra algumas empresas de São Paulo. Eu mandei 51 currículos... aliás, não é nem currículo, foi pelo LinkedIn. Apliquei pra 51 empresas, fiz 19 entrevistas e passei em 2 lugares: a Accenture e, depois, a StartSe. Só que foi algo interessante de como aconteceu.

Eu recebi esse e-mail da StartSe me convidando pra fazer essa entrevista com 77 pessoas e 1 vaga, front-end, pra desenvolver páginas e landing pages básicas, vaga pra júnior. Apliquei pra essa vaga. Numa quarta-feira, recebi o e-mail da StartSe e confirmei que eu iria na semana seguinte fazer essa entrevista. Então, tinha o dinheiro contadinho ali pra ir nessa entrevista. Só que nessa mesma semana que a StartSe mandou e-mail me chamando pra fazer a entrevista lá, a Accenture também me mandou e-mail e depois me ligou me convidando pra fazer a entrevista com eles também. Só que eu só tinha o dinheiro guardado pra ir à StartSe — não tinha como eu fazer os dois juntos.

Eu acabei dando uma desculpa pra Accenture, que não conseguia fazer a entrevista e eles perguntaram se eu poderia fazer a entrevista online no dia seguinte desse contato. Eu falei "beleza". Minha primeira experiência fazendo essa entrevista online. Foi legal, foi tranquilo. Falei e expliquei que eu estava começando nessa área; não tinha muita experiência, mas tinha muita vontade de aprender, claro.

Passando essa semana da entrevista com a Accenture, na semana seguinte, chegou a quarta-feira, o dia de ir à StartSe fazer essa entrevista presencial em grupo. Então, vim pra cá, soube da história da StartSe, que começou lá em Minas Gerais, depois veio pra São Paulo, se conectou com alguns dos ex-sócios da XP Investimentos; eles falaram muito sobre a cultura dela, que é, por exemplo, bônus a cada 6 meses — naquela época eram 3 —, possibilidade de virar sócio, você trabalhar de forma flexível, sem ter muito horário, "liberdade com responsabilidade" e falei:

Nossa, esse lugar é pra mim, eu preciso vir pra cá!

Estava muito bom pra ser verdade. Até entendo essas pessoas que "torcem o nariz" quando ouvem falar de startups, sobre esse mundo todo, mas eu falei:

Aqui é meu lugar, quero arregaçar aqui e vou fazer de tudo pra vir pra cá!

Então, dei o meu máximo ali na entrevista e foi ótimo. Falei bastante coisa sobre o que eu estava estudando sobre empreendedorismo e alguns termos que eu já sabia e foi sensacional!

Eu sei que as startups têm muito isso de "propósito", de "impactar 1 bilhão de pessoas", de "acabar com a fome na África", essas coisas todas, mas naquela época, sendo sincero, o meu objetivo de vida, o meu propósito era ter uma vida digna. Eu vi ali, eu enxerguei, eu tive essa intuição, de que eu poderia ter autonomia pra fazer o que eu quisesse, pra expressar o que eu queria criar com programação e era um ótimo lugar pra eu aprender, crescer, evoluir, gerar valor, gerar riqueza e crescer, assim, como pessoa, seja material, espiritual ou pessoalmente; tinha essa intuição desde o começo. Então era minha oportunidade única. Falei:

Aqui é a chance de eu crescer.

Então, como eu falei, dei meu máximo na entrevista e voltei pra Lorena, sentindo que a vaga já era minha. Na volta pra Lorena (eu voltei de ônibus), era umas 22h e recebo uma ligação da Accenture e o cara falou assim:

Você foi aprovado na Accenture. Você precisa dar uma resposta amanhã.

Era uma quinta-feira. Eu falei:

Puts, não tenho a resposta da StartSe ainda. O que eu faço?

Eu vi depois que eles mandaram e-mail.

Eu acabei recusando a proposta da Accenture, porque eu tinha essa intuição de que eu passaria na StartSe, mesmo sem ter a resposta. Depois, na sexta-feita seguinte, deu tudo certo: a StartSe me chamou pra vir aqui na semana seguinte pra fazer entrevista individual, mas já falei e pensei que a vaga era minha. Fiquei extremamente feliz. Depois, vim pra cá e realmente eles falaram que a vaga era minha pra ganhar X, que era, acho, uns R$ 2 mil a menos que a Accenture (de salário), mas eu tinha muito essa visão de longo prazo; eu achava que eu poderia ganhar muito mais também financeiramente vindo pra startup, vindo pra StartSe. E acho que não só a grana, naquela época, que eu pensava, mas também em conexão. Vejo que fiz a escolha certa. Hoje, 4 anos e meio depois.

Mas beleza, voltando dessa entrevista individual, nessa sexta-feira, já iria começar na segunda seguinte. Falei para os meus pais:

Vou embora pra São Paulo na segunda, não sei onde vou ficar, não sei onde eu vou dormir, mas eu vou.

E todo mundo disse:

Você é louco. Como vai fazer isso? Você não tem onde dormir, você não tem nada...

E foi assim que começou tudo. Eu vim pra cá, nessa primeira semana, fiquei num Airbnb na Rua Oscar Freire, em Pinheiros, aqui perto do escritório da StartSe. Dormi numa sala, num sofá. Eu estava até "fora de mim"; não consigo explicar o que aconteceu, mas estava muito disposto a fazer acontecer; se fosse pra dormir no chão, se fosse pra passar fome, do jeito que fosse eu queria sair de Lorena e ir pra São Paulo. Eu lembro de algumas loucuras que eu fiz. Nessa primeira semana que eu vim pra cá, eu fiquei, como eu falei, nesse Airbnb, tinha emprestado R$ 700 da minha mãe, que emprestou do meu tio, pra passar essa primeira semana e foi bem interessante de como ocorreram as coisas. Foi bem da hora, porque eu já cheguei fazendo coisas.

Eu não tinha muita experiência com programação, era pra trabalhar com HTML, CSS, JavaScript e Bootstrap, que era pra fazer as landings de eventos, Missões e cursos. A StartSe era muito forte presencialmente nessa parte de eventos sobre Nova Economia, sobre os assuntos do momento. Naquela época, a StartSe já tinha essa conexão com o Vale do Silício, já tinha um escritório lá, em San Francisco, então a demanda já era muito alta pra criar essas páginas de eventos. Então, vim pra fazer isso.

Acabando essa primeira semana, acabou o dinheiro, voltei pra Lorena na sexta-feira de noite. Voltei pra emprestar mais R$ 1100 da minha avó, daí pra ficar o mês inteiro. E o que eu ia fazer? Eu ia ficar num hostel, que seria a metade do meu salário, tanto é que eu nem trouxe travesseiro, roupa de cama, nada, porque a ideia era ficar nesse hostel e me virar do jeito que dava. Só que é o seguinte: a pessoa que me contratou, o João Evaristo (hoje ele não está mais aqui na StartSe), mas ele foi um dos fundadores, ele e o Montanha que era o desenvolvedor que ajudou a me contratar e me avaliou... então, o João Evaristo falou o seguinte pra algumas dessas pessoas... mas antes preciso contar essa história.

A StartSe nasceu em Minas Gerais, como eu falei, e veio pra São Paulo. Uma das condições pra StartSe trazer algumas pessoas que já eram sócias de lá pra São Paulo era pagar 1 ano de aluguel pra eles, que era 3 pessoas (Caio, Luan e Montanha), pra se adequarem aqui, mais o salário, etc. Quando eu cheguei, já fazia 3 meses que eles estavam nesse apartamento e o João Evaristo pediu a eles pra deixarem eu ficar lá pelo menos 1 "mesinho", pra eu conseguir buscar outros lugares; dar o tempo de eu buscar outros lugares. Eles relutantes me deixaram ficar, porque, imagina, um desconhecido entrar na sua casa e ficar 1 mês...

Mas deu tudo certo. Eu acabei ficando 9 meses (risos). Os 9 meses que são os meses restantes pra acabar esse 1 ano de contrato com eles.

Chegando lá, acabei ficando todo tímido pensando "vou atrapalhar os caras aqui". Eu estava disposto a dormir no chão mesmo, num pedaço de papelão, em cima de um pano, qualquer coisa, mas acabou que eles tinham um colchão de ar e o Caio me ofereceu roupa de cama, travesseiro, tudo... cobertor... naquela época estava muito frio, e foi aí que começou a história toda, dormindo no chão, até eu achar um lugar. Acabou que fui ficando lá, fui ficando, dormindo no chão mesmo, às vezes economizando até com almoço, comendo 1 vez por dia, pra guardar aquele dinheirinho ali, juntar, ajudar meus pais, fazer meu "pé de meia". Então, foi uma história muito louca que eu nem sei como é que eu passei por isso. Acho que a gente tem muita força que a gente nem sabe que tem.

Num desses eventos que a gente faz, era o Healthtech, a gente estava numa roda de conversa no final de tudo, num Happy Hour com a galera tomando cerveja, meio bêbado, conversando, e o Pedro Englert, que era o CEO na época, soube da história que eu estava dormindo no chão, do jeito que dava e ele deu uma bronca no Caio e no Luan — os caras não tinham nada a ver com isso — era comigo. Eu já poderia comprar uma cama, já poderia ter melhorado de condição, mas estava juntando aquele dinheiro pra fazer aquele "pé de meia"; até demoraria pra comprar isso, mas aí, com toda humanidade dele, ele sacou logo o cartão de débito da empresa e falou assim:

Vá comprar uma cama pra você!

Eu fui contratado como júnior; não tinha experiência. A empresa não tinha obrigação nenhuma de me ajudar, mas aconteceu muita coisa que eu tiro o chapéu. Sou bem grato por tudo o que rolou. Fui contratado como programador, só pra fazer as landing pages, mas eu tenho consciência de que eu queria servir, eu queria muito mais. Então, eu ia aos eventos, carregava caixa, vendia, aprendi a editar vídeo, fazia artes (no Photoshop) também, ajudava com o que fosse. Então, acho que isso foi uma relação de ganha-ganha. Então, eu ajudava bastante a empresa e ela também me ajudava por fora assim. Então, depois desse acontecimento, passei do colchão de ar para uma cama dormindo na sala. Aquele apartamento era de 3 quartos, 3 pessoas que eu falei: Caio, Luan e Montanha, e eu ficava na sala.

No finalzinho do período, o Montanha acabou saindo e indo pra Austrália. Acabei pegando esse quarto que vagou. Então, ficaram 3 pessoas em 3 quartos.

Depois que acabou esse período do contrato de 1 ano, a gente se mudou pra outro apartamento e a gente mora junto, como é até hoje. Mas aquilo me marcou muito, como foi, desde o início.

Depois disso também, dá pra citar muito o Júnior Borneli, que hoje é o CEO da empresa, um dos fundadores, me ajudou muito lá no início também. Às vezes ele nem sabe com o que ele ajudou, que eu valorizo muito isso, com dicas, com conversas, até com caronas que a gente economiza dinheiro, tempo; convidando a gente pra sair, pagando algum almoço, alguma coisa, que naquela época, com aquele dinheiro contadinho que eu tinha, fazia toda a diferença.

Depois disso em 2018, criando um monte de páginas pra empresa, criando umas 200 landing pages, ajudando muito a empresa a crescer naquele momento, que estava no começo, com bastante clientes, bastante coisa acontecendo, a empresa me levou pro Vale do Silício. Então, realizei o sonho de visitar a Califórnia (tem até a bandeira da Califórnia aqui atrás).

Fui ao Vale do Silício, fiquei 2 semanas. O Mauricio Benvenutti e a Nath Médici abriram as portas da casa deles pra mim, me acolheram muito bem. Eles me apresentaram a cidade. Participei da Learning Experience, que é um programa que a StartSe tem lá, que leva 100 pessoas do Brasil pra lá pra aprender sobre itens do Vale do Silício e voltar pra cá. Inclusive, vou gravar um vídeo sobre o Vale. Talvez seja o próximo, pra falar um pouco mais sobre isso que é... explode a mente. Eu voltei outra pessoa. Então, foi mais uma coisa que me marcou. Estar em outro país pela primeira vez na vida, saindo do Brasil. Acho que isso fez parte da minha história e nunca vou esquecer também.

Nesse meio tempo, tem outras pessoas que eu posso citar: a Thaís Aquino. A Thais é uma pessoa que me marcou muito. Naquela época, eu não sabia nem declarar imposto de renda, até porque eu nem precisava fazer isso. Ela me ensinou a declarar imposto de renda, me ajudava muito com dicas, com até mentorias, eu diria. Realmente é uma amiga que eu admiro muito e vou guardar pra sempre no meu coração tudo o que aprendo com ela; é uma enciclopédia humana.

Então nesse tempo, a gente trabalhou muito pra fazer a empresa crescer. Depois em 2019, ainda trabalhando com a parte de programação, indo em um monte de evento, saindo um pouco do (ambiente) StartSe e indo pra fora pra conhecer mais gente, conhecer as tecnologias que as empresas estão utilizando pra aplicar aqui também. Isso foi bem importante pra mim. Consegui crescer muito, conhecer muita gente. Muita gente que é referência em programação, eu tenho o privilégio de falar que são meus amigos, minhas amigas hoje.

No final de 2019, eu mandei um e-mail pro nosso CTO hoje, que é o Thiago Barcelos, falando do meu interesse de sair mais dessa área de landing pages, de coisas básicas, pra trabalhar com plataforma, com coisas mais complexas. E foi aí que ele me acolheu muito bem também no time, me chamou pra fazer parte do time, e a gente começou a criar coisas mais complexas.

Tanto é que veio a pandemia. E posso não estar sendo empático em falar disso, mas foi a melhor coisa que aconteceu pra StartSe, que foi ali que a empresa, de uma hora pra outra, perdeu mais de 90% da receita. Só que a gente — foi algo muito marcante — se reuniu e falou: "não vamos deixar isso aqui morrer". E a gente acabou virando esse jogo. A StartSe era muito forte na parte do offline, com eventos, cursos e missões pra fora do Brasil, como eu falei, mas a gente tinha que virar a chavinha do online. E foi isso que nosso time de TI, com o time de produto, todo o time, na verdade, juntou pra montar essa plataforma de eventos online e deu muito certo.

No primeiro evento eu lembro que 35 mil pessoas se inscreveram. Só com patrocínio rendeu mais do que o evento presencial do ano anterior, com ingresso que as pessoas compraram. Então, acho que esse é o futuro mesmo, a parte online, a parte híbrida e deu muito certo.

A gente aprendeu a criar a plataforma no meio do jogo. Estava rolando tudo, a gente tinha 3 meses pra fazer isso, nunca tinha mexido com React na vida, e essa tecnologia eu acabei aprendendo pra fazer essa plataforma. Meio arriscado fazer isso, mas acho que a StartSe é um bom ambiente pra você testar coisas. A gente fala muito em MVP (mínimo viável do produto); solta logo, solta logo, coloca na rua. Se você está guardando muito pra você, tem alguma coisa errada. Então, acho que foi isso que aprendi também aqui dentro, a colocar mais em prática as coisas.

Depois disso deu muito certo, a gente criar a plataforma online de eventos, criar também a nossa plataforma de cursos, enfim. A gente juntar tudo isso numa coisa só. A StartSe virar um plataforma, com o que a gente fala. A gente fala do "conhecimento do agora".

Em agosto de 2020, o Júnior me ligou dando a notícia de que eu fui convidado pra ser sócio da empresa. Eu fiquei extremamente feliz porque é o lugar que, hoje, faz sentido eu estar aqui, que eu quero muito aprender, quero continuar crescendo, quero servir. Enquanto eu tiver forças, enquanto for bom pros dois lados, estou aqui pra realmente servir com o que eu puder. Eu fiquei extremamente feliz com a notícia. Então, hoje eu sou sócio da StartSe.

Não sou um ÓTIMO programador, não sou o melhor programador da StartSe, tenho consciência disso, mas sou bom em resolver problema. Isso, acho que, me ajudou a ter essa história que eu posso contar hoje, que é interessante. Você chegar do zero ali, aliás, nem do zero, do -700 (reais), até virar sócio da empresa. E pelo que vejo aqui dentro, a gente tem muito pra crescer, tem muito pra fazer, com muita gente foda.

A sorte, que inclusive é o título desse vídeo, que eu acho que existe: muita sorte de ter gente boa do meu lado, muita gente boa. Sem as pessoas, a gente não faz nada. Sem as pessoas a gente não consegue nem evoluir. Sou muito grato, extremamente grato. Esse vídeo, inclusive, é dedicado às pessoas que eu citei no meio desse vídeo, que me marcaram lá no início (principalmente) e que hoje eu posso citá-las com muito orgulho de tê-las como amigos, como amigas. Claro que, quando a gente vai citar as pessoas, a gente costuma falar assim: "ah, eu não vou citar nomes porque vou esquecer alguém", mas com certeza você sabe na sua cabeça exatamente as pessoas que mais marcaram. Claro que muita gente é importante, mas as pessoas que estão com você sempre, essas marcam mesmo e é pra sempre, é pra vida.

Durante esse período todo, meu amigo Henrique Bastos também me ajudou muito com mentorias, com dicas, foi sensacional. Tenho muito orgulho de ser amigo dele, fazer parte da rede dele. E até comprei o curso dele, o Welcome to the Django, pra trabalhar com Django e Python — e eu nem trabalho com isso (risos) —, mas eu comprei mais por causa da pessoa. Acho que o que a gente aprende ali, vai além do código.

Acho que esse é o recado também: quando você trabalha com programação, quando você entende do negócio, você consegue gerar mais valor, porque é difícil você programar aquilo que você não conhece. Quando você tem isso de conhecer o negócio, conhecer a empresa, você consegue crescer muito mais, evoluir e ajudar o seu entorno.

Como eu falei, esse é o primeiro vídeo de uma série de Learn in Pubic e espero poder voltar em breve pra compartilhar mais coisas e, quem sabe, ajudar você que está assistindo isso.

Um abraço e até mais!

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